“A raiva é um veneno que a gente toma esperando que o outro morra.”

Esses dias, minha mãe me contou sobre uma frase que ela tinha ouvido ou lido em algum lugar:

“A raiva é um veneno que a gente toma esperando que o outro morra.”

Gostei muito dela. Ela me foi muito explicativa, sobre esse sentimento tão comungado no nosso dia a dia. Muitos clientes me perguntam sobre a expressão da raiva nas sessões terapêuticas. E muitas vezes, duvidam se ela é legítima.

Para isso, resolvi retomar um trecho de John Pierrakos, quando ele escreve sobre a repressão dos sentimentos.

“As instituições humanas tendem a atacar a emoção positiva que vem da Essência porque percebem esse movimento como contrário a seus interesses. Pela mesma razão, e com maior veemência, resistem contra as emoções expressas nos chamados sentimentos negativos – raiva, ódio, impulso de destruição. Digo ‘chamados’ porque ‘negativo’ implicaria o fato desses sentimentos serem vazios de vida ou antagônicos a ela. Isso não é verdade, pois são o segundo nível de nossa realidade interior, e realidade não pode ser antivida.

Essa família de sentimentos constitui expressões de vida, como parte de sua dualidade, e não escapes repreensíveis. Canalizam uma enorme quantidade de movimento. Se os fechamos, brecamos nossos processos criativos, brecamos nosso crescimento. Nossa energia se acumula e nossa pessoa se estagna, como um carro parado na estrada faz com que todos os outros também parem. As emoções negativas não estão ‘erradas’ em si mesmas; são funções preciosas da pessoa, quando são aceitas. A raiva, por exemplo, é a reação que ocorre quando a Essência é comprimida, pela humilhação ou pela escravidão. É uma coisa bonita ver a raiva irromper livremente em defesa do indivíduo, contra a opressão.”

Como sua experiência de vida está escrita no seu corpo, e diz sobre a emoção vivida?

Terminei o livro de Stanley Keleman, Realidade Somática – Experiência Corporal e Verdade Emocional. Gostei muito. Um livro simples que dá nomes e esclarece muitas situações do nosso comportamento psico-corpo-social-emocional.

Escolho esta parte para compartilhar:

“O que é crucial, e que geralmente é esquecido pela própria natureza do processo de estereotipia, é que toda pessoa ao crescer criou, praticou e aperfeiçoou padrões de expressão e comportamento social. Ouvimos: Não seja carente, não fique triste, não seja impaciente, aprenda a se controlar. Mas para colocar em prática o que outros consideram comportamentos ideais, talvez tenhamos de inibir os movimentos peristálticos intestinais, interferir no ritmo cardíaco e dos vasos sanguíneos ou contrair a musculatura esquelética. Essas ações impedem a concretização de impulsos como exteriorizar-se, correr ou fazer ruídos.

Por exemplo: quando uma criança se prepara para chorar, ela primeiro prende a respiração, interrompe um padrão respiratório específico, contorce o rosto, crispa a boca, abre-a e chora. No caso de um adulto, antes que o choro tenha início, pode-se observar como uma tristeza se concentra e aprofunda.

Em minha opinião é de grande importância reconhecer esses padrões. Suponha que perguntássemos a uma pessoa que está enraivecida: Como você fica enraivecida? Ela diz: Fico enraivecida gritando. Perguntamos então: Como você grita? E ela responde: Ergo o peito e aperto a garganta. Podemos então perguntar: Como você sabe disso? Ela: Bem, eu me lembro que fazia isso quando era criança e, portanto, continuo fazendo. Faz parte da sensação de conhecer a mim mesma. Então, você ainda pode perguntar: Você sabe como desenvolveu esse peito levantado? E ela diz: Eu me lembro que quando criança meu pai gritava comigo. Eu gelava e meus ombros levantavam. Agora percebo o padrão interno que ergue meu corpo para gritar.”

Gostei desse trecho que me faz perguntar mais, para mim, e para as pessoas em meu consultório: Qual é o padrão da minha (sua) raiva?

BOA OBSERVAÇÃO!!!!